Héracles organizou uma expedição contra o rei Êurito, da Ecália (localização
incerta), com quem se desentendera havia algum tempo. Não há certeza quanto às razões
da desavença e quanto ao papel de Ífito — morto por Héracles durante o acesso
de loucura que resultou na servidão junto a Ônfale — nela, mas o fato é que o
herói venceu a luta e, como parte do saque, recebeu a bela Íole, filha do rei.
Ao voltar, decidiu erguer um altar perto de Tráquis e oferecer um sacrifício a
Zeus. Mandou então uma mensagem a Dejanira pedindo uma vestimenta limpa, mas o
mensageiro era um linguarudo e contou a Dejanira que Héracles estava apaixonado por
Íole. Se era verdade ou não, não se sabe com certeza; mas, com medo de perder o
marido, Dejanira colocou um pouco do sangue de Nesso em uma vestimenta e
enviou-a ao herói. Sem desconfiar, Héracles vestiu-a e
sentiu o corpo em chamas e uma dor violentíssima, pois o veneno da Hidra de Lerna
impregnara-lhe a pele; ao tentar retirar a túnica, saíam pedaços inteiros
da pele junto com o tecido.
Héracles compreendeu que sua hora chegara e pediu ao filho mais velho, Hilo, que
cuidasse de Íole e erguesse uma pira funerária no monte Eta, perto dali.
Conta-se que a princípio ninguém tinha coragem de acender a pira, mas
diante do sofrimento do herói e de suas súplicas, Peas, pai de Filoctetes (ou o próprio Filoctetes), finalmente
ateou fogo à madeira. Em agradecimento, Héracles legou-lhe o arco e as
flechas.
Dejanira, desesperada ao saber da morte do marido e de sua própria culpa,
enforcou-se. Mas o fogo da pira havia matado apenas o componente mortal
do corpo do herói e, enquanto o fogo ainda ardia, ouviu-se um trovão e
Héracles ascendeu ao Olimpo, onde foi recebido por Atena e conduzido até Zeus, seu
pai. Agora um deus, Héracles se reconciliou com Hera e recebeu por esposa sua
meio-irmã Hebe, a personificação da juventude.
Recepção
O episódio da morte de Héracles inspirou a tragédia As traquinianas, de Sófocles, assim como
numerosas obras de arte gregas, romanas e neoclássicas.