Independentemente da desagradável cena do "pomo da discórdia", o
casamento de Peleu e Tétis não foi bem-sucedido. A deusa
abandonava frequentemente o marido para ficar no palácio de Nereu, seu pai,
e matou inadvertidamente os seis primeiros filhos ao tentar
torná-los imortais.
A técnica, segundo a lenda, era perigosa:
Tétis mergulhava a criança recém-nascida no fogo para que os
elementos mortais, provenientes de Peleu, pudessem ser consumidos. Somente o
sétimo filho, Aquiles (gr. Ἀχιλλεύς),
sobreviveu, pois o pai retirou-o a tempo do fogo.
Frustrada na tentativa de tornar Aquiles imortal, a deusa conseguiu no
entanto torná-lo invulnerável mergulhando-o no
Estige, rio subterrâneo que corria no Hades. Mas a nereida teve de segurar a
criança pelos calcanhares, e assim essa parte de seu corpo continuou
vulnerável...
Abandonado por Tétis, encolerizada por sua interferência, Peleu levou
então o filho a Quíron para que o sábio centauro o educasse. Com ele o
jovem Aquiles aprendeu, além das artes guerreiras, a medicina.
Peleu, ciente de que seu filho morreria caso participasse da guerra de
Troia, procurou evitar sua morte obrigando-o a ir para a corte
do amigo Licomedes, soberano da Ilha de Squiros. Licomedes vestiu Aquiles de
mulher e escondeu-o nos aposentos das mulheres, mas isso pelo
menos não o impediu de se unir a Deidâmia, filha do rei, e gerar um filho
chamado Neoptólemo.
A despeito de todos os cuidados, no entanto, Aquiles e também Neoptólemo
teriam papéis decisivos na conquista de Troia, anos depois. Aquiles
tornou-se o mais poderoso dos guerreiros gregos; sua força,
ferocidade e velocidade na corrida tornaram-se mais lendários
do que a própria lenda. Homero chamava-o, por exemplo, de
πόδας
ὠκὺς
Ἀχιλλεύς ("Aquiles de pés
rápidos" — v.g. Il. 1.84).
Iconografia
Muitos vasos antigos e diversas pinturas neoclássicas mostram Peleu
entregando o jovem Aquiles a Quíron. Do Período Romano em diante muitas cenas
de Aquiles em Esquiros foram também representadas.