Xoana e esculturas dedálicas

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As primeiras esculturas em grande escala, “monumentais”, refletem nitidamente a influência orientalizante presente nas estatuetas mais antigas.

O estilo arcaico propriamente dito se fez notar somente depois desse período orientalizante, que terminou por volta de -600.

Imagens de madeira

Sabemos, pela tradição e por numerosas referências literárias, que as primeiras estátuas cultuais dos santuários, as xoana (gr. pl. ξόανα, sg. ξόανον / xoanon), eram esculpidas em madeira a partir de troncos de árvores. Os detalhes eram, certamente, bastante primitivos: traços esquemáticos e sumários, corpo recoberto de vestes e enfeites rituais.

miniaturaUm xoanon de Atena

Nenhuma dessas obras, infelizmente, chegou até nós; algumas cenas de vasos (e.g. Ilum. 0554) e algumas estátuas posteriores, no entanto, dão uma ideia de como podem ter sido tais imagens.

O estilo dedálico

O estilo, assim chamado em homenagem ao mítico Dédalo[1], caracteriza as primeiras esculturas em pedra do século -VII. De inspiração oriental, notadamente síria, parece ter se difundido nos territórios gregos a partir de Creta.

Estatuetas “dedálicas” de bronze, pedra, marfim e outros materiais existiam em grande quantidade na primeira metade do século -VII. As primeiras esculturas em grande escala são mais tardias, posteriores a -640. Inicialmente, utilizou-se o calcáreo, pedra macia que podia ser trabalhada praticamente com as mesmas ferramentas usadas em carpintaria. Logo, porém, os gregos começaram a utilizar o mármore duro das pedreiras das Cíclades (Naxos, Paros e Samos) e, para isso, tiveram que desenvolver novas habilidades e novas ferramentas.

miniaturaPequenas esculturas de estilo dedálico, -650/-600

As figuras dedálicas representam, quase sempre, mulheres completamente vestidas e homens seminus de aspecto um tanto estereotipado: face triangular, olhos e nariz proeminentes, cabeça achatada, cabelos em cachos ou em tranças; corpo alongado, cilíndrico, com tronco de forma triangular e cintura bem marcada; postura frontal, braços em geral ao lado do corpo. O vestido das mulheres disfarça completamente suas formas.

Na Dama de Auxerre (-640/-630), de origem provavelmente cretense [Ilum. 0548], e na estátua de Nicandra (-625), de Delos [Ilum. 0716], essas características são muito marcantes.

Além de numerosas estátuas livres, precursoras dos koûroi e das korai dos séculos seguintes, havia também placas com relevos (Micenas, Beócia, Gortina) e estátuas de “deusas sentadas” (e.g. Prínias, Delos). Algumas estátuas eram pequenas, como a Dama de Auxerre (65 cm); outras, como a de Nicandra, de tamanho quase natural (1,75 metros); outras ainda, como uma koré recentemente descoberta em um cemitério de Tera e datada de -640, eram gigantescas (2,3 metros).

Ao contrário do que se pensava, o estilo dedálico não ocorreu apenas em territórios dórios. Muitas das obras mais antigas procedem efetivamente de áreas dórias (Creta, Tera, Rodes), mas o estilo logo se difundiu a todos os territórios gregos.

A maioria dos escultores é anônima, talvez em razão do capricho dos achados arqueológicos. Um pedestal datado mais ou menos de -600, no entanto, encontrado em Delos, conservou o nome de Euticártidas de Naxos.