Hades

Ἅδης Hades em Roma: Dis Pater
λέγουσιν ἐπ' αὐτῇ τὸν καλούμενον Ἅιδην κεκλεῖσθαί τε ὑπὸ τοῦ Πλούτωνος καὶ ὡς ἐπάνεισιν οὐδεὶς αὖθις ἐξ αὐτοῦ.

Dizem que o local conhecido por Hades foi trancado por Plutão e que de lá ninguém volta.

O rapto de PerséfoneO rapto de Perséfone

Soberano do mundo subterrâneo, destino final da sombra dos mortos; seu nome significa ‘o invisível’.

Hades era também conhecido por Plutão (gr. Πλούτων), ‘rico’, pois era ele o proprietário de todas as riquezas que existem sob a terra.

A partir do Período Arcaico, Hades era considerado filho de Crono e de Reia, e irmão de Zeus, Posídon, Hera, Deméter e Héstia. Acredita-se que durante a titanomaquia ele recebeu dos ciclopes um capuz ou capacete que tornava seu portador invisível. Na partilha que se seguiu à luta, coube-lhe o controle do mundo subterrâneo e dos mortos.

Hades aparece raramente nas lendas, embora seja muito mencionado. Os principais episódios de que participa são o do rapto de Perséfone (Koré), com quem mais tarde se casou; o do 12º trabalho de Héracles; e o de Orfeu e Eurídice. Não teve filhos.

O hades

O reino de Hades (frequentemente abreviado para “o hades”) era primitivamente localizado no extremo ocidente, além do rio Oceano (Od. 10.508-12), ou diretamente abaixo da superfície (Il. 20.61-6). Esse último conceito veio a moldar, séculos mais tarde, a ideia de “inferno” das religiões europeias e asiáticas.

O hades era um lugar sombrio e sinistro, franqueado por um portão monumental. Os mitos mais antigos nos fornecem poucos detalhes, mas as versões mais tardias são ricas em pormenores. Uma das entradas, por exemplo, era o rio Aqueronte (Od.. 10.513-4).

Quando alguém morria, era levado pelo deus Hermes até o Hades, onde bebia a água do Rio Lete, que trazia o esquecimento da vida terrena, e atravessava o rio Estige em uma barca, conduzida pelo severo Caronte. Como pagamento, o barqueiro recebia um óbolo, a moeda de menor valor, que os parentes colocavam na boca do falecido. O morto atravessava então os portões monumentais, eternamente guardados por Cérbero, cão de três cabeças e cauda de serpente. O feroz guardião permitia a entrada de todos, porém não deixava ninguém sair.

Finalmente, diante de Hades e Perséfone, o defunto enfrentava a sentença dos severos e justíssimos juízes dos mortos — Minos, Radamante e Éaco —. Segundo seus méritos, era conduzido aos aprazíveis Campos Elíseos[1] ou aos tormentos eternos...

É por isso que, no Hino a Deméter, Hades é ironicamente cognominado Πολυδέγµων, 'hospedeiro-mor' (h.Hom. 2.17, 31, 404 e 430), pois ele recebia muitas pessoas em seu reino e as entretinha tão bem que nenhuma ia embora...

Iconografia e culto

De Hades, nenhum favor ou benefício era esperado; assim, ele não tinha templos e nenhum culto específico lhe era dedicado. Seu nome não era pronunciado, e a ele se referiam através de eufemismos. Era, também, raramente representado; quando isso ocorria, mostravam-no com um cetro, e às vezes com uma cornucópia, símbolo da fartura e da riqueza.

No sul do Épiro, porém, na cidade de Éfira, ficava o famoso oráculo dos mortos, o necromanteion; ele era, de certa forma, um santuário de Perséfone e Hades. A construção parecia um labirinto, com corredores tortuosos e salas sem janelas situadas abaixo e acima do chão.

Influências

A invisibilidade de Hades inspirou, de certa forma, o conto de ficção científica O homem invisível, de H.G. Wells (1897).