Os gregos organizaram as divindades em “famílias” divinas, e personalizaram cada um deles com todas as virtudes e todos os defeitos das famílias humanas. Desenvolveram também, a partir de modelos da Ásia Ocidental, genealogias para explicar satisfatoriamente tanto a criação do Universo, ou “cosmogonia”, como a origem dos deuses, ou “teogonia”.
As divindades gregas podem ser mais ou menos divididas em dois grandes grupos, o dos deuses antigos e o dos deuses olímpicos. Os deuses olímpicos regem o Universo na época em que vivemos; os deuses antigos representam, grosso modo, as indomadas e poderosas forças criativas que existiam no início dos tempos. Em seu poema Teogonia, Hesíodo justamente contrasta a ordem e a organização que caracterizavam o reinado de Zeus, o rei dos deuses olímpicos, e a desordem que imperava no período precedente (Gantz, 1996).
Embora não tenha sido a primeira das entidades primordiais, Gaia é certamente a mais importante delas. Personificação da terra e de sua inesgotável capacidade geradora, ela deu origem a quase todas as divindades que participam dos mitos gregos, os heróis, os seres humanos e os monstros que ameaçaram, em diferentes épocas, tanto uns quanto outros.
Muitas divindades antigas são puramente conceituais, ou representam forças da natureza, ou têm importância meramente genealógica, e não têm lendas específicas associadas ao seu nome.